quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Até o fim;

Eu posso até me lembrar dos tempos; em tempos de radiante luz me compartilhava a claridão. Hoje sou apenas eu no vácuo de uma imensa escuridão... Perceber que a luz vai se tornando opaca e insossa não a faz menos dolorosa no seu fim. E mesmo que não seja um fim, e apenas pareça um; a dor é exatamente a mesma de uma perda... É como perder um pedaço de você, tão essencial quanto as pernas, pois esse pedaço também te fazia seguir; tão essencial quanto os braços, pois esse pedaço também te fazia lutar; tão essencial quanto os olhos, pois esse pedaço também te fazia olhar; tão essencial quanto a boca, pois esse pedaço também te ajudava a engolir o mundo.
Posso ainda ter em mim leves sonhos como de um dia ter em meus braços um leve abraço que me permita dizer o quanto amei, e que amarei mesmo que seja só o princípio ou definitivamente o fim; e amarei mesmo que a chuva que molha lá fora, molhe aqui dentro e molhe a mim; amarei nas lembranças o fato que foi e ainda vai ser; porque mesmo se o fim for agora, eu ainda tenho muito o que conhecer!
Não posso abandonar promessas no vácuo, nem permitir que a dor pulse em mim. Mesmo que os sonhos sejam algo passado, sei que ao menos de longe posso admirar o que foi tudo pra mim!
Não quero nunca dizer o Adeus que faça partir; Não quero mesmo a dor que me deixe cair. E se tudo o que eu senti foi vão, e se tudo o que sei que realmente existiu foi inútil; a minha inutilidade absorverá, porque sei que um dia eu fui feliz.
Quem escolhe viver de riscos? Viver de talvez?
A incerteza não é o fato consumado, é o talvez consume, talvez não. A incerteza é a dor que toma, que te leva, que te faz sonhar... E depois dos sonhos, a realidade é tão dura quanto a gravidade que te puxa ao chão!
Só queria ao menos andar sobre o chão e não sentir a escassez de sonhos!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

...Se!

... E se fosse mentira aquele sorriso forçado?
De traços engraçados,
E verdades nuas sem coser
Com o que fora dito?

E se fosse inventada
A nossa estrada
Que percorremos dia e noite,
Sem nem perceber?

É que os passos,
Andam assim, desajeitados,
Mas vão, sem que alguém
Possa os ver!

E se a frieza de seus olhos
Tomassem tento.
E o quente dos seus braços
Fossem um pouco mais atentos...

... Nada seria como foi.
Não esquentaria o que esfriou!
Nem sobraria o que ficou;
E nem diria que acabou!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O que vem a ser!

Perco-me nas cores que se fundem!
Transporto-me nas lembranças que teria!
Sinto na boca o gosto do que anseio sentir!

E vou, sem um rumo tão certo...
Sigo, ouvindo o eco dos meus passos...
Tramando e realizando ideologias!

E quem mais pôde me fazer sorrir?
E quem mais me deixa ser. Tão sendo!
E quem me faz ver, me faz ser, me faz feliz?

Onde estão as flores do meu jardim?
Pra onde foi que voaram as borboletas?
Ainda vejo o verde da grama!

Posso sentir o vento que não vem,
Posso ouvir as palavras que não dizem!
Posso sentir o mais quente do calor...

Ah...! À vontade!
Ah...! Os sonhos!
Ah...! A esperança!

A se eu soubesse,
Se eu pudesse,
Se eu dissesse...

Só posso dizer, meu amor,
Que de tudo: você!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Por trás da porta

Se um dia o meu dia não chegar,
E a cada manhã de sol escondido por nuvens,
Aparecer e não me brilhar mais que uma
Simples e inconfundível estrela
Diante da imensidão de um azul celeste,
Ai sim gritarei ao mundo,
O mundo que o mundo tem!

Não deixarei passar os detalhes
Das lágrimas escondidas,
Nem deixarei soar levemente
Os sorrisos perdidos na memória.
Apenas fixarei no teto das pessoas sem casa
A inutilidade de mais um dia semifeliz.

Posso gritar ao mundo
O mundo que o mundo tem?
Posso dizer que pessoas
Podem ou não trocar pessoas,
Por não as considerarem seres?
Por não as considerarem humanos?

E posso dizer que no fim
Não há fim que seja bom o suficiente
Para finalizar uma vida de dor;
Uma vida de gente carente...
Carente de abraços e sorrisos,
De dinheiro em um mundo perdido.

E não posso dizer que foi vão
Correr nas nuvens que o céu me deu...
Pude levitar levemente
Até que meus olhos abriram
E vi o poder da mente
De quem sabe o que não há por trás da porta!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poréns

... São os caminhos desiguais
Que me preocupa;
São os desencontros
Que me desmorona;
São as redondezas vazias de você
Que me angustia...

Os dias andam tristes,
Os dias não andam.
As tardes são finitas
De um infinito profundo.
As tardes são repletas
De um tempo que não vem, que não vai!

... Não gosto do sol lá fora,
E o calor daqui de dentro.
Do som evasivo de pessoas...
Do som trêmulo dos que não são...
Não gosto da fome que provém
Da sede tácita dos aspirantes a humanos.

Os caminhos são incertos,
Não há outro ponto em que
As estradas se cruzarão...
E o som do outro lado vem
Como perfeitos raios
Que entram e ecoam em mim...

Cadê você agora?
Cadê você do outro lado?
... Ainda tenho o seu cheiro
Nos menores lugares,
Porém, amplos,
Que permanece em mim!

sábado, 18 de julho de 2009

Desnorteada

Não tenho rumo, nem história pra contar...
Não tenho essência, não tenho destino, passagens, mulheres, amores, rumores, alguém. Não tenho livros na minha mala, não tenho condições na minha estrada, nem mais tenho brilho no olhar. E sigo, como se seguir fosse descansar dos meus mares, dos meus amores que nunca amei, das lágrimas que nem chorei, e dos sonhos cobertos pelas areias trazidas pelos ventos que vieram do sul.
Desnorteada, mas com o sul bem diante de mim. Desnorteada, com a riqueza que as palavras me fizeram, me trouxeram, e só me coube ser. Agora sou, e não sei o quê, mas tenho dito o que nem palavras diriam. Ao certo, tenho o sul. Mas não sei onde estão as pessoas que um dia passaram nessa mesma estrada, jurando amor eterno e mãos entrelaçadas.
Ao certo, apenas mesmo o sul. Por que tenho em mim a dor de abandonar o que me trouxe amadurecimento, e a angustia de fazer chorar as lágrimas que não chorei por desespero de cair. E a vida fez questão de me trazer o desespero que ampara os meus dias contados no relógio.
Hoje, mais uma semana que me segue, tenho em mim os sonhos e esse muro que me separa da realidade!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

... Simples angustia

Sem nem perceber, meus olhos se fecharam e não quis mais me sentir tão mais só. Ao vento, não quero sentir minha mão trêmula, nem meu coração acelerado, e por muito menos minha vida por um fio. Não quero mais ser tudo aquilo que sou e que um dia menosprezei quem fosse. Não quero mais ser apenas uma caminhando rumo ao nada; ao distante. Quero achar meu lugar, minhas pessoas, meu querer. Meu amor próprio que caminha sentido contrário ao caminho que caminho. E que venham as nuvens repletas, cheias e que se esvaziem sobre mim, as gotas não me ferem mais. O desespero já não me alcança, e a luta vadia e insana me atinge, mas não sinto.
Quero o gosto de uma verdade inventada, apenas mais uma vez. E rir um riso contido, mas desesperado em busca do sabor que um dia pensei que nunca mais sentiria. O sabor da mágoa já me toma, e o insosso da vida se desmorona nas ruínas que constroem-se sobre mim.

sábado, 13 de junho de 2009

Momento de crise alegre

Posso seguir sem destino, sem caminho, sem ninguém. Sem vontade, sem alegria, sem magia, nada além. Deixo que o mundo chegue e se aproxime sem dizer bom dia; boa tarde, um cumprimento qualquer. Aconchego-o em meus braços, e quando as nuvens se aproximam tapando minha visão, ele foge; vira as costas e eu caio em contradição. Não quero a felicidade de quem vive um grande amor; ou de quem vive exaustivamente uma grande paixão, quero algo pleno que me faça sentir a felicidade gradativa, para que a felicidade seja gradativa, e não que o próximo passo seja o chão. Quero chegar ao auge na mais pura sintonia, e chorar da mais simples alegria, e viver do mais tranqüilo êxtase incoerente. Rir da vida, chorar como demente. Acordar pela manhã, logo cedo e ver raiar o dia, e quando os primeiros raios aparecerem ir dormir de novo, e esperar mais um momento espontâneo de ironia. Deixe-me, grito sem elos ao mundo, pois quando me ouvir novamente, a minha vida vai estar diferente.

terça-feira, 19 de maio de 2009

rimas sem versos... versos sem rima

É como se não existisse mais nada além das palavras imensuráveis que saem da boca de um poeta; que nada mais faz do que sentir e sentir como sente um sonhador. E mencionar rimas, citar trechos, metrificar os versos, metrificar os sonhos, metrificar o amor.
Os sentimentos serão regulares, transcritos e traduzidos na única linguagem de constância. Não quero uma vida regular, sem altos e baixos, com sentimentos certos, dores ilusórias, felicidades agudas e amores perplexos, complexos, ideais. Quero a realidade inventada, versos sem rima, rimas sem versos... Descontinuidade de algo que nunca foi contínuo.
Não quero a dor da queda, nem as lembranças de um passado perfeito. Quero as lágrimas de um dia comum, de uma noite de inverno, de uma chuva de verão. Quero poder acordar pela manhã e pensar que a minha noite vem, que o meu amor também. E quero que ele seja vivo, assim como o resto que existe ao mundo. Não pressuponho imortalidade, muito menos eternidade nos sentidos que trago a cada palavra emotiva escrita ainda que sem a emoção de viver.
Quero poder chorar sem motivo; sorrir sem explicação; gritar sem hora, sem momento, sem dor. Quero poder querer, e compartilhar os meus quereres, criar neologismos, metaforizar o mundo, contrariar as verdades, as ideologias, o moralismo que encontro a cada esquina por uma pessoa totalmente desiludida de um mundo físico.
Não sei o que sinto, e como sinto. Não sei se ainda cabe explicações para cada distúrbio de personalidade em massa. Ainda sou o que posso ter, sou o que posso ser... E serei o que poderei idealizar e metalizar em caminhos que não seguirei, e sonhos que não sonharei, por estradas onde não caminharei.

domingo, 10 de maio de 2009

Aqui dentro...

Encostei-me na parede,
As pernas cansadas,
Os sonhos repulsavam,
E meus olhos se fecharam diante
Da imagem que tive em mim.

Abordei-me, e fantasiei,
Por alguns únicos instantes únicos,
Na mais perfeita lembrança que tive de você.
Daqui de dentro de mim
Para meu mundo lá fora!

Fechei você na mais bela
Caixa de vidro que encontrei.
No mais lindo sentimento que tenho.
Admiro e olho incansavelmente
O sorriso mais singelo que entrelaça meu coração.

O meu mundo pulsa,
O meu sorriso sobressai
Da minha boca até a sua boca...
Meus olhos não vêem,
Mas o meu coração sente!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

... E há!

Passos dados por estados, até chegar!
Deixando-me em um novo estado,
O de alegria, o de me emocionar!

É apenas um caminho
Que se teve que percorrer!
São barreiras, são Br’s entre eu e você!

Oh, meu bem, quanto tempo eu esperei
Para ouvir você dizer
Que em nosso caminho só há...

Ah!... E Há!
Um novo tempo só nosso,
E que vamos começar!

Ah!... E haverá!
Pessoas, estradas, estados,
Cada um no seu lugar.

Reações à parte,
A emoção que me invade,
E continuo dizendo, de tudo você!

Sim, eu sei, e você também sabe,
Que não há tempo que apague
A emoção de te ter!

Meu amor, quanta angustia,
Quantos sonhos de palavras
A espera, só pra te dizer que há...

Ah!... E Há!
Um novo tempo só nosso,
E que vamos começar!

Ah!... E haverá!
Pessoas, estradas, estados,
Cada um no seu lugar.

sábado, 25 de abril de 2009

Sonhos...

... Sonhos;
Quantos ainda serão pisoteados
Por passos de pessoas insanas,
Inconscientes e inconseqüentes?

Quantos sonhos
Ainda verei escorrer pela pia,
Junto com a água que enxágua
O meu rosto cansado e molhado?

Onde estará o sonho
Que estava junto ao sonho
De um dia torná-lo
Um verdadeiro sonho realizado?

Entrei em uma fila!
Não sei aonde ela chega,
Não sei por que estou nela,
Só sei que cá entrei, cá estou!

Passos inconstantes,
Cercada de pessoas incógnitas,
Com sonhos inacreditáveis,
E com uma esperança incrivelmente minha!

terça-feira, 14 de abril de 2009

... De tempos!

... Saudades desse tempo que não veio,
Mas que sozinha fantasio!

Saudades às vezes nem sei de quê,
Às vezes nem sei para quê,
Mas que chega, me toma, me torna!

Saudades de regar as flores
Do campo imaginário magnético.
Saudades de ir contra tudo,
Ir contra o mundo,
Contra o gradiente de concentração!

Sonhos? Quais?
Os que não vêm jamais?
Pessoas? Quem?
As que abaixam a cabeça ao mundo
E dizem: Amém?

Enfim, saudades, amor!
Saudades de amar,
Saudades das ondas do mar...
E das flores que trazem os ventos
Mas não as vemos, por sermos isentos
De imaginação!

... De coração!
E completos,
Repletos
Por pura e doce ilusão!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Não há!

Não há sol que ilumine, amor!
Não há...
Posso até me despir
Diante de seu olhar,
Que ainda assim, nada fará o mundo enxergar!

Não há sonhos que faça ir a diante!
Nem solidão que faça olhar para trás!
Não há!
Posso até me sentir sozinha,
E desiludida nada fará continuar uma idéia!

Não há pessoas que digam sim!
Não há pessoas que não digam não!
Todo mundo e ninguém,
Juntos até muito mais além!

Penso, não digo, não sou!
Sonho, e iludo-me, e estou,
Estou agora! E como disse Ana:
Nesse instante que não pára!
Sonhei com Ana, e Ana não me deixou dormir!

Acordada, sozinha na noite escura,
Pensando em uma pessoa
Pra quem grito e não me ouve!
_Amo-te; grito, você me ouve?

Mas, definitivamente, meu amor,
Não há!

terça-feira, 24 de março de 2009

Fórmulas!

Senhor, grito!
Traga-me uma bebida forte e sem gelo!
Traga-me fórmulas secretas, discretas,
Todas escritas em linhas retas,
Que me deixem sabendo de uma verdade tola
E inventada!
E que a bebida me faça esquecer
Da insana vida que tenho levado...

E levo, levo, levo...
Nem sei por onde,
Não sei para onde,
Nem sei por quê!
Mas levo, levo e levo
Como se tudo fosse tão distante,
Meus olhos ao longe, me fazem ver
Que apenas levo, a não tão leve
Vida que venho a ter!

Eu disse: venham!
Mas não vieram!
Eu disse: cantem!
E não cantaram!
Eu disse: Amem!
E não amaram!
E não restou mais nada além de uma verdade inventada!
De músicas clichês,
Pessoas sem rg’s
E tempos sem amor!

Quis dizer que não!
Quis dizer: Senhor, onde colocara minha bebida?
Que por agora tenho minha garganta seca,
Meus dedos imóveis,
Meu coração tão desesperado, acelerado,
Isolado dos demais!
Digo que quero me esquecer do passado que perturba,
Dos sonhos que não chegam nunca,
E da vida que nunca tive, mas pensei em ter!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Quebra

Encostei-me na parede, e escorreguei até o chão,
Onde permaneci sentada por um tempo incontável, um tempo
Talvez grande talvez pequeno... O suficiente para que eu,
Pobre ser, decidisse que hoje eu quebraria as regras,
Que hoje eu quebraria as rimas.
Porque hoje pensei em não metrificar,
Quando pensei em escrever,
Quando pensei em levantar!
Quando pensei que pensava, mas não pensava!

Ergui-me, me senti firme sobre minhas pernas,
E caminhei...
Apenas isso!
Sem rumo, sem nada! Pois tudo, não passa do fim!
O fim da estrada...!

Quis dizer que não havia problemas
Quanto a não pensar,
Mas havia.
Havia erros, havia sonhos, havia problemas,
Mas não há mais.
Não há mais erros, não há mais sonhos, não há problemas.
Contrapondo não há acertos, não há realidade, não há solução!

Gritei do âmago aos pulmões que controlam
Minhas vontades vocais,
“Heiii” Como se não houvesse platéia
que assistisse minha vida de camarote, como se eu fosse exposta ao publico!
Eu gritei novamente, e outra vez, e de novo
Neologismos que designavam sonhos...
Inúteis palavras que não mostram nem metade daquilo que sinto!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

À uma lembrança

Vive em mim uma vida,
Um ser, um alguém...
Que não sei se fica, ou se vem!

Um apelo a minha loucura,
Uma rasteira na noite escura,
Um desabamento do que eu planejei.

Vivia em mim planos, meta...
Hoje sei que há uma vida mais concreta.
Mas que talvez seja apenas uma lembrança!

Não vou me aliar a nada,
Nem a um choro da chegada
Anunciando a partida do meu futuro!