quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Dezembro intenso

..Na fugacidade do tempo e na ironia das coincidências, o que é intenso se sobressai. Intensamente eufórico com o que foi desconhecido, e na seqüência de descobri-lo como verdade e como razão, encontrei e redescobri o que é essencial.

Essencial em cada singelo movimento que fica preso em minha retina, que guarda consigo como parte de si. E se sendo tão sua, ainda que de olhos fechados, para a certeza de não sê-lo fugaz, prendo-o para revelar a relevância de um tempo do espaço único.

E cada instante que passou fora-o fugaz, no entanto, guardado-o no auge de uma certeza preponderante. Todos os instantes, assim, serão eternos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

De solidão

Perdeu uma parte de si, como se fosse à essência do ser, mas, nem ao menos sabia que parte a fazia menor e inferior ao seu próprio espírito de graça, desgraça. Sabia que antes tinha a alma entrelaçada aos dedos, aos medos, a solidão... Hoje não tinha alma, nem entrelaço da angustia e imensidão.

O outrora e o depois como balança medindo o hoje. O outrora, fazendo hora para aquilo que um dia virá a ser, no próprio ser. Um ser de será, ou de permanecer... Entre encontros, reencontros e desencontros de um tempo, espaço e sonhos.

Aquela, de cabeça baixa, encostada na cômoda do quarto, olhando, pela janela estreita e entreaberta, uma luz fraca, mas ainda viva, de um sol das seis horas da tarde; era Ana. Olhava angustiada e sentia todo o peso de si sobre si, e então pôde perceber que cada mundo tem o seu peso e sua medida.

A angustia corroia as veias e corria o sangue. A solidão repleta de si fazia presença na ausência de quem um dia já não se sabia se... Não se sabia se era verdade, se era pesadelo, se era passado, se tinha passado pelo pretérito do não esquecimento. Não se sabia se tinha nos braços as marcas que a vida deixa e leva, e não se sabia se a vida tinha levado.

Ana era a incerteza, de uma inconstância tão profunda que variava entre vida e morte em um mesmo plano de fundo. Refugiada em si, e naquele momento vendo o sol partir, sentia que precisava partir também.

Parecia que sua vida agora, era só um feixe de luz, e que aos poucos se continha na evasão do ser, do não permanecer. O silêncio fazia um eco, fazia casa, fazia vida... E da solidão toda contida nos traços, nos gestos, no espaço e na permanência; Ana suspirou por mais uma única vez, fechou os olhos e se entregou a solidão.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Só-mente

Sentia-se só!
Só de solidão,
Só de imensidão!
De somente, pertinente,
Conseqüentemente perdida.
Desiludida!

Sentia-se,
De mãos atadas, parada,
Intacta na retina alheia,
No timbre, no time, no tempo.
No tanto quanto se pôde,
Se pode.

Sóbria, só, em mente.
Conseqüentemente, contente!
Conseguinte, ao próximo,
Bem perto, desperto...
Entrelaçando as mãos,
As almas...