quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Não me venha falar de amor!



Enquanto estudava, olhou para o lado, da sua janela via a cidade correndo. Era fim de tarde, começo de noite, e tudo o que viu foi uma mulher andando de cabeça baixa, como se o dia tivesse sido árduo. E Ana tinha certeza do quão árduo o fora, e tinha sido todos esses que se sucederam depois daquela noite em que tudo podia. Ana sentia o contraste do tudo com o nada.

Quanto o que ocorrera naquela noite, não é relevante. Apenas importa saber que foi um dia que se finalizou bem, com um cobertor a cobrindo num sono profundo, resultante de um dia perfeito. E agora? Agora se via passar nas ruas, cabisbaixa.

Em um desespero, tocou a mesa para sentir o gelado do granito, será que estava realmente viva? Ana se perdeu! Queria morrer para nascer e se sentir viva, e remorrer para renascer e se sentir bem, e mais uma vez, e outra vez mais; para, assim, formar um ciclo de algo que se tornasse interessante.

Não, Ana! A vida é algo submisso, submerso. Nada pode! Nada vem! E não me venha, menina, me falar de amor. Seu poder vem de uma paixão carregada pelo carteiro, viajando pelas ruas, pela confusão de casas. E não venha, menina, me falar de amor,você não sabe amar e se perde em solidão!

domingo, 19 de agosto de 2012

Noite de domingo


Nada mais simples do que as palavras ditas no imperativo: Ame! Esqueça! Siga em frente! Não se importe! Pare! Continue! ... Nada mais simples do que uma risada amarela quando sua dor é maior do que a dor de quem te ouve. E então, você percebe que sempre foi um tipo de psicólogo não pago, não retribuído, que fez mais do que os imperativos, e ainda assim, cá está: mais uma vez sozinho.

Acredito que esse seja o começo, o fim, e uma boa parte do tempo em que se vive: na solidão. E não essa solidão de sair do quarto e não ver ninguém; quero dizer dessa solidão de sair do quarto e esbarrar em quatro, cinco, seis pessoas que conversam aleatoriamente, e tudo o que você implora é por um silêncio que não te consuma!

Não quero ligar e ouvir risadas do outro lado, quero ligar e ouvir: “Ei, estou com saudades, quando vem me ver?”; não quero desculpas alheias, nem por álcool demais, ou por álcool de menos. Quero palavras que me reconfortem  quando eu não tiver meu peito pra me recostar numa noite de domingo, e esperar que o dia seguinte, simplesmente, venha.

E o dia seguinte vem, quem não vem são eles, e eu também não vou! E eu luto comigo mesma para que eu nunca mais vá... E nesse momento, a minha decisão é de não ir! 

sábado, 4 de agosto de 2012

Vá!


Entregue-se, menina!
Entregue-se às metáforas!
Todos gostam de comparações subjetivas,
De palavras diferentes, de se sentir apto a interpretar o que nos é amplo!
Entregue-se aos dias que, lentamente, viram noite...
Às pessoas, mesmo que essas te machuquem...
Entregue-se a tudo o que é novo,
Ao que dá medo, àquilo que te faz sentir algo gelado na barriga...
Menina, o mundo é grande, você tão pequena...
Faça grande, sua pequenez!
Faça jus ao seu pulsar...
Entregue-se, como diz G.H, como um sonâmbulo que simplesmente vai!
Vá!