segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Por trás da porta

Se um dia o meu dia não chegar,
E a cada manhã de sol escondido por nuvens,
Aparecer e não me brilhar mais que uma
Simples e inconfundível estrela
Diante da imensidão de um azul celeste,
Ai sim gritarei ao mundo,
O mundo que o mundo tem!

Não deixarei passar os detalhes
Das lágrimas escondidas,
Nem deixarei soar levemente
Os sorrisos perdidos na memória.
Apenas fixarei no teto das pessoas sem casa
A inutilidade de mais um dia semifeliz.

Posso gritar ao mundo
O mundo que o mundo tem?
Posso dizer que pessoas
Podem ou não trocar pessoas,
Por não as considerarem seres?
Por não as considerarem humanos?

E posso dizer que no fim
Não há fim que seja bom o suficiente
Para finalizar uma vida de dor;
Uma vida de gente carente...
Carente de abraços e sorrisos,
De dinheiro em um mundo perdido.

E não posso dizer que foi vão
Correr nas nuvens que o céu me deu...
Pude levitar levemente
Até que meus olhos abriram
E vi o poder da mente
De quem sabe o que não há por trás da porta!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poréns

... São os caminhos desiguais
Que me preocupa;
São os desencontros
Que me desmorona;
São as redondezas vazias de você
Que me angustia...

Os dias andam tristes,
Os dias não andam.
As tardes são finitas
De um infinito profundo.
As tardes são repletas
De um tempo que não vem, que não vai!

... Não gosto do sol lá fora,
E o calor daqui de dentro.
Do som evasivo de pessoas...
Do som trêmulo dos que não são...
Não gosto da fome que provém
Da sede tácita dos aspirantes a humanos.

Os caminhos são incertos,
Não há outro ponto em que
As estradas se cruzarão...
E o som do outro lado vem
Como perfeitos raios
Que entram e ecoam em mim...

Cadê você agora?
Cadê você do outro lado?
... Ainda tenho o seu cheiro
Nos menores lugares,
Porém, amplos,
Que permanece em mim!