Enquanto estudava, olhou para o
lado, da sua janela via a cidade correndo. Era fim de tarde, começo de noite, e
tudo o que viu foi uma mulher andando de cabeça baixa, como se o dia tivesse
sido árduo. E Ana tinha certeza do quão árduo o fora, e tinha sido todos esses
que se sucederam depois daquela noite em que tudo podia. Ana sentia o contraste
do tudo com o nada.
Quanto o que ocorrera naquela
noite, não é relevante. Apenas importa saber que foi um dia que se finalizou
bem, com um cobertor a cobrindo num sono profundo, resultante de um dia
perfeito. E agora? Agora se via passar nas ruas, cabisbaixa.
Em um desespero, tocou a mesa
para sentir o gelado do granito, será que estava realmente viva? Ana se perdeu!
Queria morrer para nascer e se sentir viva, e remorrer para renascer e se
sentir bem, e mais uma vez, e outra vez mais; para, assim, formar um ciclo de
algo que se tornasse interessante.
Não, Ana! A vida é algo submisso,
submerso. Nada pode! Nada vem! E não me venha, menina, me falar de amor. Seu
poder vem de uma paixão carregada pelo carteiro, viajando pelas ruas, pela
confusão de casas. E não venha, menina, me falar de amor,você não sabe amar e se
perde em solidão!
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