Sempre
lidei melhor com a distância do que com a aproximação, melhor com a saudade do
que com a rotina. Sempre consegui planejar mais do que fazer e fazer sempre sem
planejar. Talvez os planos sejam exatamente para não serem cumpridos e as idealizações
para serem desiludidas.
Mas
quando se tem em mente algo e esse algo vai além do imaginado, não se forma
desilusão, se forma saudade! Sempre pensei que a saudade nos fosse matando aos
poucos, mas hoje acredito que é ela que nos leva adiante.
Mesmo
que a saudade seja da infância, quando tínhamos uma avó que nos trazia doces,
nos enchia de mimos e nos dava um beijo na testa com aquele batom vermelho que
custava a sair. Ou saudade das brincadeiras no quintal, de apanhar dos irmãos
mais velhos ou de roubar os brinquedos deles. Até mesmo a singela saudade de
ter tempo para deitar na calçada e ver os formatos das nuvens, rindo, mesmo que
sozinhos.
Mas a
saudade de algo que aconteceu e acontecerá de novo, me encanta! Encanta como se
encanta uma criança com as borboletas, com o gato subindo pela parede ou com o
balão que voa para o céu, para nunca mais. Admiro como uma menina diante da
primavera, pois os dias, então, se tornam primaveris.
Saudade
é algo além. É uma lembrança que passa e repassa como um filme antigo. Saudade
é uma dor que ocupa todas as partes do seu corpo, desde os olhos cheios de
lágrimas até o sorriso bobo que você expressa sem perceber! Saudade é mais do
que tudo isso, saudade é saber que não foi vão.
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