sábado, 3 de novembro de 2012

... Dor pungente!


                Sempre lidei melhor com a distância do que com a aproximação, melhor com a saudade do que com a rotina. Sempre consegui planejar mais do que fazer e fazer sempre sem planejar. Talvez os planos sejam exatamente para não serem cumpridos e as idealizações para serem desiludidas.
                Mas quando se tem em mente algo e esse algo vai além do imaginado, não se forma desilusão, se forma saudade! Sempre pensei que a saudade nos fosse matando aos poucos, mas hoje acredito que é ela que nos leva adiante.
                Mesmo que a saudade seja da infância, quando tínhamos uma avó que nos trazia doces, nos enchia de mimos e nos dava um beijo na testa com aquele batom vermelho que custava a sair. Ou saudade das brincadeiras no quintal, de apanhar dos irmãos mais velhos ou de roubar os brinquedos deles. Até mesmo a singela saudade de ter tempo para deitar na calçada e ver os formatos das nuvens, rindo, mesmo que sozinhos.
                Mas a saudade de algo que aconteceu e acontecerá de novo, me encanta! Encanta como se encanta uma criança com as borboletas, com o gato subindo pela parede ou com o balão que voa para o céu, para nunca mais. Admiro como uma menina diante da primavera, pois os dias, então, se tornam primaveris.
                Saudade é algo além. É uma lembrança que passa e repassa como um filme antigo. Saudade é uma dor que ocupa todas as partes do seu corpo, desde os olhos cheios de lágrimas até o sorriso bobo que você expressa sem perceber! Saudade é mais do que tudo isso, saudade é saber que não foi vão.

Nenhum comentário: