É como se não existisse mais nada além das palavras imensuráveis que saem da boca de um poeta; que nada mais faz do que sentir e sentir como sente um sonhador. E mencionar rimas, citar trechos, metrificar os versos, metrificar os sonhos, metrificar o amor.
Os sentimentos serão regulares, transcritos e traduzidos na única linguagem de constância. Não quero uma vida regular, sem altos e baixos, com sentimentos certos, dores ilusórias, felicidades agudas e amores perplexos, complexos, ideais. Quero a realidade inventada, versos sem rima, rimas sem versos... Descontinuidade de algo que nunca foi contínuo.
Não quero a dor da queda, nem as lembranças de um passado perfeito. Quero as lágrimas de um dia comum, de uma noite de inverno, de uma chuva de verão. Quero poder acordar pela manhã e pensar que a minha noite vem, que o meu amor também. E quero que ele seja vivo, assim como o resto que existe ao mundo. Não pressuponho imortalidade, muito menos eternidade nos sentidos que trago a cada palavra emotiva escrita ainda que sem a emoção de viver.
Quero poder chorar sem motivo; sorrir sem explicação; gritar sem hora, sem momento, sem dor. Quero poder querer, e compartilhar os meus quereres, criar neologismos, metaforizar o mundo, contrariar as verdades, as ideologias, o moralismo que encontro a cada esquina por uma pessoa totalmente desiludida de um mundo físico.
Não sei o que sinto, e como sinto. Não sei se ainda cabe explicações para cada distúrbio de personalidade em massa. Ainda sou o que posso ter, sou o que posso ser... E serei o que poderei idealizar e metalizar em caminhos que não seguirei, e sonhos que não sonharei, por estradas onde não caminharei.
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