Meus olhos, aflorados em vermelhidão, observam o cair da noite. Outrora, quando minhas mãos rasbicavam palavras aleatórias, era ainda dia: já anoiteceu. Vi o céu escurecer e a lua se embebedar de brilho. A agonia me toma conta de forma acolhedora, como um braço que se estende, me puxando ao peito para me encostar. Já encostada, retenho-me na metáfora, e perco a paixão nas coisas... Essa lua brilhante, não contém luz própria. A teoria mescla a minha angústia, e tudo junto não me fazem ser nada!
E se me perco em pensamentos e em quase acertos, é porque busco em mim o que pudesse ser bom ao outro; mas quando o outro se perde em si com os olhos cinzentos, cegos de um não querer ver, se torna tudo inviável. E se o fim for o certo, ou se ao certo será o fim: quantas angústias se poderão chorar? Se poderão reter? Se poderão amar? Se nem mesmo o amor se basta; e se sem o amor não há nada - nem o começo, nem o fim.
Desmorona, enfim, o meu castelo de cartas, que construi com o cuidado de sê-lo alto, bonito, mas na ilusão de que, também, se firmaria. O vento falou por todos; em deslizes reteve as cartas, colocou-as na caixa, pôs no bolso, e foi-se embora.
Posso eu reconstruir o meu castelo?
3 comentários:
E se me perco em pensamentos e em quase acertos, é porque busco em mim o que pudesse ser bom ao outro... NOSSA, TEXTO SIMPLESMENTE LINDO... PARABÉNS... GOSTEI MUITÍSSIMO
Mig's perfeitooo, mas muito perfeito mesmo!!
Edifico-me tenso, nas coisas, nas horas, nas costas - cartas de ilusão num peito aflora palavras, palavras aleatórias de concreto; de concreto este e outros castelos em nós, nós que somos de vento e luz no firmamento.
Own, flor!
"E se o fim for o certo, ou se ao certo será o fim: quantas angústias se poderão chorar? Se poderão reter? Se poderão amar? Se nem mesmo o amor se basta; e se sem o amor não há nada - nem o começo, nem o fim."
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