Ana era, agora, uma menina perdida no meio fio. Não sabia se locomover mais do que entre uma ponta a outra do quarteirão. Sentada na calçada, via os carros passarem... Alguns corriam, Ana subentendia que eles estavam fugindo... Mas para onde? De quem? De quê? Ana também queria fugir... Dernorteada, presa a algo que estava em sua cabeça, a uma idéia fixa: enlouqueceu. Não adiantava mais as lágrimas, a angústia não a contrapunha de lugar algum. O medo da escuridão não a atormentava mais. Ou melhor, atormentava, mas amenizava o desespero.
Ana era, agora, o desespero. Representada pelas unhas por fazer e pelas olheiras de dias a fio que passara vendo os carros. A vontade de subir em um daqueles e deixá-lo que a levasse, era imensa... Queria que a levasse para longe... Para sempre!
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