Dentre todas as minhas decisões, as mais importantes sempre
tiveram influência do meio. Talvez, algumas dessas escolhas, hoje eu acredite
que não façam tanta diferença em onde estou. Mas, outras são tão significativas
a ponto de desestruturar qualquer base emocional, se eu não me senti forte e
confiante o suficiente. Entretanto, tomada cada decisão, tento mantê-las firmes
e sólidas dentro de mim.
Todo mundo sabe que eu me apaixonei loucamente pelo meu
professor de literatura no ensino médio, era um amor platônico e bobo, mas,
mesmo assim, era MEU amor platônico e
bobo. E sim, talvez isso tenha mudado o rumo da minha escolha profissional.
Todo mundo sabe que eu prestei uma faculdade no rumo de Brasília, e a mais
perto que pude encontrar, em curto espaço de tempo, por uma paixão, que
perdurou, ardeu e acabou.
Mas, escolhido o curso e o lugar, digo que me sinto plena e
feliz (mesmo que às vezes, e só às vezes, eu tenha uma vontade louca de fugir
para longe, e mudar de curso). Tenho amigos lindos, quanto a isso, nunca vou
reclamar com Deus; posso reclamar de amores, desamores, ilusões, jogos, mas,
ah! Meus amigos são lindos! Enfim!
Fora tudo isso, sempre fui consciente que meu futuro será
esse: Ganharei mal, serei desprezada por pais, alunos e, talvez, por
professores já experientes e fartos de trabalhar, e, por fim, não conseguirei
passar tudo o que quero passar, com todo o amor que eu sinto pela literatura,
para essas crianças que não querem ouvir.
Mas, de tudo, sempre quis salvar algumas pessoas de alguma
coisa. Ser a heroína mesmo, por que não? Porque também me foi fadado a sonhar!
E se eu o posso, eu o quero, eu o farei! Talvez eu não queira dar aula em
escola particular, onde eu vou ganhar melhor, e meus alunos vão andar de Nike,
achando que são mais importantes porque pagam meu salário; também não quero dar
aula em escola pública, nem de periferia, onde os alunos vão querer riscar o
meu carro que eu parcelei em 72 vezes, nem de classe média, onde os alunos não
tem dinheiro pra comprar livro, mas tem dinheiro pra comprar celular, iphone, I
o diabo a quatro. Eu quero dar aula pra quem quer ouvir! E eu o vou. E não me
importar com o acordar cedo ou o andar pra caramba pra chegar, mas que quando
eu chegar eu seja recebida com um sorriso no rosto. Talvez meus sonhos sejam
bobos, mas na escola que eu vou trabalhar, eu quero alunos que sejam tão
sensíveis ao que for passado, quanto à literatura que quero ensinar.
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