Ana se
sentia inquieta diante daquele relógio preso na sua parede, que parecia
movimentar-se, e, ao mesmo tempo, as horas pareciam sempre iguais. Os dias eram miméticos aos que já passaram, os medos, os segredos, o passado, todos eram sempre os mesmos.
Talvez fosse isso o que mais incomodasse Ana: A não interferência do presente
no passado – como se ela tivesse parado de fazer história em sua história! As
pessoas foram se retirando de sua vida, com um caminhar leve, saindo à francesa,
percorrendo suas via crúcis, enquanto Ana tampouco enxergava a cruz!
Não era exatamente solidão, era
estar estagnada de medo diante de um mundo novo que estava por conhecer. Já não
era mais uma menina, era uma mulher! O mundo havia posto conceitos em seu modo
de pensar e, de repente, ela era posta diante de algo tão novo e tão antigo
quanto a sua própria imagem, seu próprio futuro: seu presente.
Ana não
queria estar ali diante do relógio, presa a rotina que consumia seus dias.
Queria viver, ver, sobreviver os mares, lugares, mas Ana sabia que querer é
algo que ia além do seu desejar, e, muitas vezes, era esperar que o relógio findasse
horas para que, enfim, pudesse percorrer lugares.
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